terça-feira, 18 de março de 2008

Uma questão de dinâmica entre o sonho e a vida... I

Temos de estar dispostos a desprender-nos da vida que tínhamos planeado para que possamos ter a vida que está à nossa espera.
Joseph Campbell
Esta foi uma frase que li ontem e que me despertou sem dúvida algum interesse, cativando-me a atenção mais de "15 segundos" ...
"A peça de Steven Sondheim Into the Woods, que esteve em cena na Brodway em 1987, é uma comédia musical baseada em contos de fadas conhecidos. O primeiro acto reconta as histórias da Cinderela, do Capuchino Vermelho, da Rapunzel e do João e o Pé de Feijão quase como as ouvimos quando éramos miúdos. Quando a cortina se fecha no fim do primeiro acto a Cinderela está a casar-se com o seu príncipe, o Capuchinho Vermelho está a salvo do lobo e o João está a descer pelo pé de feijão abaixo, depois de ter morto o gigante de ter fugido com a sua fortuna. Parece que tudo se conjuga para que vivam felizes para sempre.
Mas no segundo acto somos lembrados que a maior parte das pessoas não vive feliz para sempre. O príncipe encantado da Cinderela revela-se uma decepção enquanto marido («Eu fui educado para ser encantador, não para ser fiel»). A viúva do gigante, de tamanho igualmente gigante, vai em busca de vingança. Algumas personagens morrem, outras ficam desesperadas, e ninguém está particularmente feliz. Os bosques do título da peça representam, não apenas para o Capuchino Vermelho e para o Hensel e a Gretel, mas para todos nós, os dias negros e desconhecidos das nossas vidas, em que todos os tipos de perigo estão à espreita." Harold S. Kushner
Eu ouso manifestar a minha opinião face a este tema... Entre os sonhos dos contos de fadas, para mim "primeiro acto", e a entrada no "segundo acto" muitas vezes ignorado, desvalorizado, nestes mesmos contos mas, por si, só tão real...
Por exemplo...
- Um jovem que anseia um determinado emprego e consegue... apresentando-se no seu primeiro dia de trabalho bem vestido e entusiasta, e que uns anos mais tarde dá por si desmoralizado, desiludido... a promoção que tanto aspirou não chegou, as frustrações aumentaram, até ao ponto de ter pavor de acordar de manhã para ter que ir trabalhar.
Neste caso houve um "segundo acto", tendo sido uma sequela infeliz do primeiro.
Na maior parte das vezes quando se fala em sonho, somos remetidos para a forma de como a nossa vida se vai tornar, quer seja na componente afectiva, profissional, sócio-económica...
Sonhar pode implicar quanto a mim uma visão mais dinâmica e moldável. Ao longo das nossas vidas passamos por várias fases, life events, que de uma forma ou de outra irão ter um impacto sobre nós, podendo ou não modificar a nossa atitude e comportamento perante a mesma.
Sonhar implica um desejo que algo aconteça, uma vontade, uma motivação que nos move a atingir determinado objectivo. Como é bom sonhar... Agora por vezes, o nosso sonho pode não se ficar pelo "primeiro acto" e nessa altura temos de ter a ousadia, a coragem e a atitude de aceitar o desafio de assistir e entrar em cena no "segundo acto".
Na minha opinião é no "segundo acto" que aqui retrato, que a maior parte das nossas vidas se passa. No entanto, há que fazer algo para que não olhemos para ele de lado, de uma forma desconfiada, mas sim receptiva. Eu não me rendo a aplaudir ou a ficar-me pelos contos de fadas, gosto de desafios onde possa testar as minhas capacidades, a minha forma de agir e estar na vida.
Eu posso dizer-vos que o meu sonho de vida tem uma dinâmica própria, dinâmica essa que nunca me deixa
para trás, acompanha-me sempre, ao longo de todas as fases que vou passando. E isto porquê? Porque gosto de viver, porque gosto de ser feliz... E isso parte do princípio que eu tenho de ser verdadeira comigo própria para que o possa ser com os outros.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a cada manhã pelo milagre da vida...Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta... palavras de Carlos Drumond.
Há que saber dançar a dança da vida... Cada momento com os seu ritmo a sua letra, transmitindo diferentes emoções... não deixando de ser música...
Há que saborear cada momento e aprendermos cada dia a viver melhor!
Cristina Pais

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa escolha de citações, de exemplos e uma opinião,uma vivência com a qual me identifico em muito do que expressaste!
"O Sonho comanda a vida..." e é bom sonharmos mas também é importante aceitarmos que nem todos os sonhos se revelam como desejaríamos, podendo até assemelhar-se, de vez um quando, a um pesadelo! O importante é a nossa atitude perante o "pesadelo" e a aquisição de uma forte e bela atitude que nos permite seguir em frente, mais adultos e FELIZES!

Beijinho, Carole